Ele saiu do Espirito Santo e foi para a Holanda por conta própria para estudar e tentar uma carreira internacional. Uma história que deu muito certo, confira! 

A questão financeira é um ponto delicado quando falamos em estudar no exterior. Mas como nem sempre é possível conseguir uma bolsa de estudos, juntar as economias e fazer o investimento pode valer muito a pena.

bruno-holanda-UCL-01Esta é a história de Bruno Guasti Motta, de 31 anos, que estudou engenharia civil na Faculdade do Centro Leste, no município de Serra, Espirito Santo. Bruno sempre sonhou com uma carreira internacional. Trabalhou como engenheiro no Brasil e apostou cedo em sua formação. Ao terminar seu curso, passou cinco meses em Malta para aprimorar o inglês. Em 2014, decidiu fazer um mestrado em Construction Management and Engineering, na University of Twente, na Holanda.

Como muitos, Bruno tentou uma bolsa de estudos, mas não conseguiu. No entanto, resolveu investir e partiu com recursos próprios. Após um ano na Holanda, Bruno começou a trabalhar para a universidade. “A University of Twente tem foco especifico em 11 países. Eu era o representante do Brasil e trabalhava meio período. Gerenciava a página do Facebook que divulga os programas da universidade, interagindo com estudantes interessados e respondendo perguntas”, ele conta.

“Meu mestrado era de dois anos, mas estendi minha tese um pouco por conta da pesquisa. O curso é bem interessante. A dinâmica de estudos é totalmente diferente, aqui eles prezam muito a independência do aluno. Você tem que buscar o conhecimento. O professor orienta e oferece sua experiência sobre o conteúdo, mas cabe a você estudar. Isso estimula o aluno a aprender e a correr atrás. O mercado de trabalho na Holanda também funciona desse jeito. Você tem que gerenciar seu tempo, seu conhecimento e a sua produtividade, e esse programa de mestrado prepara os alunos muito bem para isso”, enfatiza.

Twente é a única universidade da Holanda que tem um campus, com toda a estrutura em um mesmo lugar. Para mim foi uma experiência muito bacana porque eu nunca tinha vivido isso – morar, estudar e fazer minha vida em um mesmo espaço. Tudo é muito bem cuidado e as instalações são maravilhosas”.

“No Brasil eu trabalhava e estudava, não tinha nenhum contato com o meio acadêmico. Aqui pude mergulhar nesse mundo, voltei mesmo para a sala de aula. Além disso, as universidades holandesas, de um modo geral, têm uma forte integração com as empresas e os governos. Os cursos sempre usam problemas reais e na própria tese você pode trabalhar em um desses cases. Minha tese foi sobre um projeto de mobilidade cicloviária com a prefeitura de Curitiba. Esse é um tema importante aqui e duas delegações de professores, incluindo o meu orientador, foram à Curitiba para ver de perto o que estávamos pesquisando. Eu também passei dois meses lá com um colega holandês, estudando a realidade local. Os problemas da cidade foram discutidos em sala de aula e a experiência foi muito rica”, ele explica.

Bruno conta que apesar de ter passado por um período de adaptação, o esforço compensou porque os ganhos foram grandes. “Já fazem três anos e meio que estou fora do Brasil. Não tenho passaporte europeu, mas consegui me integrar bem à cultura holandesa e ao mercado de trabalho”.

Quando você termina um curso superior na Holanda, o governo concede um visto que dá direito ao aluno estrangeiro permanecer no país por um ano após a formatura. Bruno inicialmente conseguiu um emprego temporário e quatro meses depois foi contratado por uma empresa de engenharia.

bruno-holanda-UCL-02“Vim para cá junto com a Rana, minha namorada. Ela também fez um curso em Twente e hoje trabalha lá – é a account manager do Brasil e cuida da interface Brasil-Holanda. Isso facilitou bastante, porque chegar com alguém fez diferença. No primeiro ano conheci muitos brasileiros do Ciências Sem Fronteiras. Mas também fiz amizade com estudantes de outras partes do mundo. A relação com o holandês é mais difícil no primeiro momento. Eles não são muito abertos de cara, mas depois que você os conhecesse isso muda e as amizades são para o resto da vida. Hoje tenho amigos no trabalho.

A carreira internacional sempre foi um desejo de Bruno. “Minha ideia era fazer o mestrado, apesar de saber que no Brasil, temos universidades muito boas na minha área. A Holanda é um país pequeno e eles se expandem muito fácil. A empresa onde trabalho, por exemplo, tem escritório em sete países, então fazemos obras em diferentes lugares, o que é muito interessante. Estou em contato permanente com pessoas de várias partes do mundo.

Durante a semana não tenho muito tempo para nada, mas nos finais de semana passeio bastante. Moro em Leiden, a cidade do Rembrandt, a mais antiga da Holanda. Há muito para fazer aqui, estamos perto de tudo, entre Amsterdam e Rotterdam. Leiden é um centro universitário divertido, com muitos museus, bares e restaurantes.

Estudar aqui por conta própria não é barato. A anuidade dos cursos para estrangeiros oscila entre 30 e 40 mil reais. Se você tem passaporte europeu o valor cai muito. No entanto, é um investimento a se considerar. De 2014 para cá, as opções de bolsas de estudo se ampliaram e vale a pena tentar. Para mim de qualquer forma, valeu muito vir. Consegui recuperar o que gastei quando comecei minha vida profissional na Holanda”.

Bruno é de Vitória e apesar de estar muito feliz em Leiden, sente saudades. “A praia faz muita falta, assim como a comida de casa, a família e os amigos. Tento ir ao Brasil uma vez por ano e minha família e amigos sempre vêm me visitar. Mas eu me adaptei e ganhei muito com a mudança. Minha cabeça abriu, passei a enxergar coisas que antes não conseguia ver. O convívio com pessoas de outros países me expôs às mais diversas questões culturais e eu também passei a entender melhor as minhas origens. Cresci de uma forma que nunca poderia imaginar”.

“Acho que estudar no exterior é uma boa porta de entrada para fazer uma carreira internacional. Se você pensa em fazer isso, ter uma especialização ou pós-graduação em outro país é fundamental. Mas a vinda não é fácil e é bom estar muito seguro do que se quer fazer e preparado para isso”, reforça.

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O inglês de Bruno está afiadíssimo e agora ele estuda Holandês. “É bacana saber se comunicar no idioma do país em que se está vivendo. Não é essencial, mas é bom para interagir com os locais. Quando falamos em inglês estamos falando em um terceiro idioma e nossa expressão é diferente. Quem aprende a língua local passa a entender mais sobre a cultura e o jeito de ser das pessoas e a partir daí tudo fica muito mais fácil”.

Bruno se lembra da época em que ainda tinha dúvidas sobre o que queria fazer e da incrível dedicação que seu projeto exigiu. “Escolher o país, a universidade e o curso, prestar exames e fazer contas para ver se o seu orçamento se encaixa, tudo isso demanda muito de você. Mas a partir do momento em que é aprovado, sente uma enorme gratificação porque chegou onde queria. É importante dar o primeiro passo e ser muito ativo. Esse é um projeto que depende de você”.

Fonte: Andrea Tissenbaum
21 Junho 2018 | 11h42

Quando investir na carreira internacional vale a pena