Há quem sinta os primeiros indícios de vocação em ser cientista ainda na infância. Alguns desenvolvem o interesse pela profissão no ensino médio. Já outros descobrem que querem segui-la apenas depois de entrar para a faculdade, pois é justamente nesse momento que se dão conta do impacto que ela é capaz de causar — e por poder, dessa forma, fazer a diferença para o mundo.

A verdade é que, independentemente do caso em que você se encaixa, acontece o mesmo que ocorre com tantos outros aspirantes a estudiosos da ciência: existem muitas dúvidas sobre a área, o tipo de formação necessária para ter uma carreira nesse meio e em que ramos é possível atuar.

Por esse motivo, preparamos um post com algumas das questões mais frequentes sobre o tema e respostas para cada uma delas. Acompanhe tudo e fique por dentro!

O que é a ciência e o que faz um cientista?

Quando se fala em ciência e principalmente em cientistas, muitas pessoas logo associam ambos os assuntos ao que ronda o imaginário popular, ou seja, aquilo que é formado com o que se vê na mídia e em programas, séries, filmes etc.

Mas será que esses materiais — muitas vezes repletos de cenas caricatas e de piadas de mau gosto — fazem jus à profissão? Se você disse não, acertou. Na verdade, trata-se de conhecimento, de ter certeza sobre algo e usar essa informação em benefício das esferas social, cultural, histórica e ambiental — promovendo, assim, a melhoria e, acima de tudo, o avanço de todas elas.

Logo, o cientista é aquele que assume o papel de agente responsável por investigar, examinar e atestar se determinada teoria ou conceito é, de fato, real e afirma ou contradiz o senso comum.

O que é necessário para ser cientista?

Para ser cientista, é imprescindível ter ou desenvolver ao longo da formação um conjunto de características que vão ser determinantes para a produção de um trabalho de pesquisa contundente e capaz de trazer impactos benéficos para a sociedade (e o respectivo crescimento e desenvolvimento dela). Entre elas estão:

  • interesse em estudar diariamente: já que você precisa se aperfeiçoar cada vez mais e ter uma base de conhecimento sólida para afirmar qualquer resultado obtido com seu trabalho;
  • perfil inquieto e questionador: visto que das dúvidas e dos questionamentos surgem os objetos de estudo, as ideias para levantamentos e pesquisas e a procura por respostas;
  • resiliência: já que seu trabalho nem sempre vai trazer resultados de imediato e está suscetível a erros, podem surgir obstáculos (como falta de recursos e fontes de investigação) e ocorrer pressão por parte dos financiadores do projeto, por exemplo.

Qual é o perfil de um cientista?

Além das características já citadas, o perfil de um cientista normalmente ainda envolve outros traços complementares. Algumas pessoas parecem nascer com essas habilidades, o que tende a facilitar seu progresso como profissionais. No entanto, vale dizer que tudo pode ser construído e que o que mais importa é a busca pelo desenvolvimento contínuo.

A curiosidade é, sem dúvidas, um dos atributos que definem um cientista. O espírito curioso e questionador é marca registrada de quem está sempre tentando responder perguntas e aprender todos os dias.

Uma outra particularidade relevante é a disciplina. Ter uma vida dedicada ao estudo certamente vai demandar boas doses de condicionamento, foco, organização e determinação — o que pode ser usado para traduzir alguém disciplinado, que consegue se comprometer verdadeiramente com as suas metas e que, muitas vezes, tem que lidar com todas as tarefas de forma independente.

Para completar, o raciocínio lógico é uma habilidade especial dos cientistas e que precisa ser exercitada diariamente. Independentemente da área em que o objeto de estudo de cada um se encaixa, são atividades naturais do seu ofício: pensar em hipóteses, interpretar dados e encontrar possibilidades de respostas.

Como é o método científico usado nas pesquisas?

O resultado obtido por um cientista durante uma pesquisa, seja ele positivo, seja ele negativo, só é possível graças à aplicação do método científico. De maneira simples, trata-se de um grupo de etapas consecutivas que garantem que todas as investigações realizadas sigam o mesmo procedimento para evitar vícios que possam comprometer as explicações de causa e efeito de determinada teoria ou conceito. São elas:

  1. questionamento;
  2. hipóteses;
  3. material de estudo e fontes bibliográficas;
  4. resultados obtidos;
  5. análise dos dados;
  6. conclusão.

Que tipo de formação é preciso para ser cientista?

De forma geral, quem tem o sonho de ser cientista investe (e muito) na formação acadêmica. Afinal, é preciso ampliar a base de conhecimento, a bagagem cultural e o nível de raciocínio crítico. Além disso, é necessário escolher uma área para seguir e se especializar nela — de forma similar ao que acontece nas demais profissões.

Portanto, ao finalizar o seu curso superior, você segue com a pós-graduação e realiza os cursos stricto sensu, que têm como principal característica o aprofundamento sobre os aspectos da docência e principalmente da produção de pesquisa científica (tanto é que você tem um objeto de estudo que será tema da sua dissertação e da sua tese).

São eles: o mestrado — que dura até dois anos — e o doutorado — que dura até quatro anos. Contudo, não ache que acabou. Após a conclusão de ambos, é bastante comum a realização de um pós-doutorado. Durante esse período, você se dedica a um estágio — que pode durar até dois anos — no qual não apenas se debruçará sobre as teses e conceitos envolvidos na sua pesquisa, mas sim sobre a prática dela.

É por isso que, nessa fase, os pós-doutorandos se aperfeiçoam como pesquisadores e recorrentemente idealizam projetos que podem ser financiados por investidores privados, instituições ou fundações ligadas ao MEC — que são algumas das responsáveis pela concessão de bolsas.

Por quanto tempo se estuda?

Ao ler o tópico anterior, você deve ter pensado que depois do pós-doutorado se encerram os estudos, não é mesmo? Pois saiba que isso não é verdade! Quem pretende se dedicar à ciência nunca para de estudar. Ao contrário, tem uma mente investigativa e sempre inquieta para ter mais e mais conhecimento, até porque as coisas mudam ao longo do tempo e acompanhar as tendências da sua área é imprescindível para não se tornar um profissional desatualizado.

Prova disso é que muitos realizam não somente um, mas vários pós-docs e após o término deles dão o próximo passo na carreira. Enquanto alguns seguem no ambiente universitário e se tornam professores, outros engatam em cargos de prestígio em grandes empresas (de biomedicina, polos tecnológicos, indústria farmacêutica etc.) para contribuir com a evolução da área.

Quais campos de atuação um cientista pode seguir?

Para encerrar, vamos falar dos campos de atuação pelos quais um cientista pode optar. Isso porque existe uma concepção equivocada de que, basicamente, só há aqueles relacionados a quatro ramos:

  • o da Saúde — que propõe o estudo e a análise de doenças assim como levantamento de possíveis tratamentos e até mesmo cura para elas;
  • o da Biologia — envolvido com descoberta, catalogação, evolução da reprodução animal e afins;
  • o da Física — destinado ao levantamento de teorias diversas, como a da gravidade, da relatividade e gravitação universal, ao estudo da astronomia e à evolução das indústrias mecânica e automotiva;
  • o da Química — responsável pela produção de fármacos, desenvolvimento de produtos para a indústria petrolífera entre outros.

Porém, isso não é verdade e pode limitar a mente de um jovem que pretende ser um cientista. Assim como falamos logo no início das questões, a ciência é conhecimento. E se há algo que não se limita nem se resume é o saber.

Portanto, caso queira, você pode, sim, optar por outros segmentos para ser o foco das suas pesquisas ao longo da trajetória profissional e que vão além das áreas Exatas e Biológicas, englobando também a de Humanas, como a Paleontologia, a Linguística, a Propaganda Política e/ou Ideológica, a Filosofia, a Teologia, a Psicologia e suas vertentes (como a Psicanálise) e muito mais.

Qual a situação da pesquisa no Brasil?

Conhecer o mercado é importante antes de escolher uma carreira, não é mesmo? Afinal, mesmo que você já tenha encontrado sua vocação, esse tipo de informação deve ajudar a definir os planos para o futuro.

A grande questão no cenário brasileiro é o pouco incentivo para pesquisa, pois esse não é um ponto forte no nosso país. Outras características são a concentração desses incentivos em poucas universidades e a alta burocracia, o que também contribui para que a profissão se torne bastante desafiadora.

Para se ter uma ideia, a produção científica brasileira (considerando-se especialmente artigos) ocupa o 23lugar se comparada com os outros países do mundo. Esse número coloca o Brasil aquém do seu potencial, sendo que os motivos já citados são as causas mais conhecidas do problema.

Ou seja, aqueles que escolherem esse caminho devem ser perseverantes, sabendo que será preciso muita dedicação para conseguir se destacar e ter um bom retorno. Ao mesmo tempo, é essencial que as pessoas continuem lutando para reverter esse contexto e conseguir transformar toda a realidade, elevando o nível das pesquisas por aqui e melhorando as perspectivas.

E então, tirou suas dúvidas sobre o caminho que você deve seguir para ser cientista e o que a profissão lhe reserva? Pois agora é o momento de investir na formação acadêmica e fazer seu objetivo se tornar realidade!